segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

As estranhesas com o banheiro - Parte I.

Isso aconteceu a alguns anos...
Nunca imaginei que um dia eu viajaria e iria me estranhar com os banheiros de outro país. Isso me veio de surpresa. Dentro do próprio Brasil eu já tinha visto todo tipo de banheiro. Desde os banheiros chiques com caixa de água "escondida" dentro da parede, até os modelos mais antigos, e outros menos elegantes, como os com bidê e aqueles cujo vaso é embutido no chão.
Aposto como tem gente que nunca viu um banheiro com o vaso sanitário embutido no chão. É uma coisa super estranha e justamente por isso não pensei que algum outro banheiro poderia me surpreender.
Pensando eu que não haveria nada de anormal, estou eu, chegando de viagem, fazendo uma visita ao mictório americano, ainda no aeroporto. Qual não foi o sentimento do estranheza ao notar que no mesmo não havia botão de descarga. Bem, nessas horas a gente não tem muito tempo pra pensar, então eu fui logo ao que interessava e deixei pra procurar o danado do botão depois.
Após tirar o que estava me agoniando de dentro de mim, eu me levanto, como faria qualquer pessoa depois de uma hora íntima como estas, para recolocar a roupa. Daí vem o susto!
O banheiro simplesmente deu descarga e como eu não esperava, dei aquele pulinho básico, sozinha, dentro do ambiente privado de um prédio público. Banheiro público americano freqüentemente tem sensor para garantir que mesmo na presença de pessoas mal educadas, o mesmo não ficará mal-cheiroso, conseqüência da falta do ato de apertar um botão.
Eu devo ter saído do banheiro com uma cara de ET... Depois disso ainda teve o processo de ir lavar as mãos. Normal, se a pia não abrisse com um sensor também. Lá estava eu, com as mãos ensaboadas, esperando que outra pessoa lavasse as mãos para que eu pudesse descobrir como fazia para abrir a torneira. Eu já havia tentado tudo: apertar, girar, puxar a torneira e nada acontecia. Cheguei a checar o chão, pra ver se não era acionada por pedal, e mesmo embaixo da pia. Até que olhando para o lado eu descubro, basta esfregar as mãos embaixo da torneira, que a água desce. Tão simples, e ao mesmo tempo tão complicado apenas por ser diferente. Esperei a figura do lado ir enxugar as mãos. Não havia aquelas máquinas que libera ar quente pra secar. No lugar, havia uma dessas que dispensa papel toalha, e pra variar também era automático. Bastando passar a mão pela frente, o papel sai lindinho pra enxugar a sua mão.
Dessa vez eu fui esperta, não passei muito tempo pra descobrir como fazia pra pegar uma toalha de papel. Me digam, o que falta ser modernizado no banheiro? Mais do que isso eu não sei.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Passando pra compartilhar uma foto.


Dessa vez eu consegui registrar. Saio de casa quando o sol está nascendo, e muitas vezes fico me deslumbrando com o efeito causado pelos tons celestiais na paisagem.

Fiz essa fotografia essa semana. Do estacionamento do condomínio mesmo. Espero que gostem!

sábado, 22 de dezembro de 2007

O Segredo do Papai Noel

Não vou falar de como ele consegue dar conta de distribuir presentes no mundo inteiro em uma noite, nem mesmo de como ele consegue ler todas as cartas com um endereço tão impreciso como "Pólo Norte". Essas coisas estão mais do que divulgadas em filmes e desenhos... não são mais segredo.
O segredo que eu tenho pra contar é como o Papai Noel mantém a barriguinha saliente dele e mesmo depois de tanto trabalho duro, consegue fazer inveja a qualquer Rei Momo.
Eu sempre pensei que o Papai Noel trabalhasse completamente de graça. Mas isso não é bem o que acontece. Ele recebe uma recompensa por todo o esforço feito pra distribuir tantos presentes... Esse "salário" é pago em biscoitos, literalmente!
Em cada casa americana onde o conto do Papai Noel é dito as crianças, é deixado um prato com alguns biscoitos caseiros e decorados acompanhando um copo de leite.
Tem até comercial de massa de biscoito fazendo uso dessa lenda. No comercial o menino flagra o pai comendo os biscoitos do Papai Noel e fica revoltado dizendo que o velhinho de roupa vermelha vai passar direto pois não há biscoitos. O pai então resolve a situação com a massa de biscoitos comercializada.
Imagine comer milhões de biscoitos em uma só noite... Maratona digna somente do Papai Noel!
Mas o segredo dele ainda não para por aí. Há de se levar em consideração o nível calórico dos biscoitos americanos. Um mísera porção de 2 biscoitos normalmente supera 200 calorias. Levando-se em consideração que o recomendado a uma dieta de alguém não sedentário deve ser em média de 2500 calorias, e que isso é conseguido com menos de 25 biscoitos, eu pergunto:
Qual o segredo do Papai Noel para não explodir?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Aventuras Gastronômicas parte I - Festas

Estou dividindo o assunto em partes, pois realmente sobre isso eu tenho muita coisa pra falar. Vou começar pelas festas, pois fui a uma hoje, daí já saí de lá meio "inspirada" pra escrever aqui.
Quando a gente se insere numa cultura diferente, a comida passa a ter (pelo menos pra mim) uma importância maior do que tinha. As coisas que comemos normalmente e que não estão disponíveis na outra cultura fazem uma falta...
Modéstia a parte, eu cozinho bem, mas os meus primeiros meses aqui foram miseráveis nesse aspecto, pois nem os ingredientes eu achava pra fazer algo que prestasse.
Voltando ao assunto festas: fui hoje numa festa, dessas que cada pessoa leva um prato. Os americanos chamam esse estilo de festa "potluck" que traduzindo ao pé da letra seria algo como sorte do pote. Isso por que o que tem no pote pode ser sorte (good luck) ou azar (bad luck).
Como muitos de vocês já sabem, eu sou vegetariana. Daí que de todos os pratos disponíveis na festa (sem falar dos doces, pois esses geralmente não levam carne) haviam 4 em que não havia bicho morto dentro: ovos endiabrados, uma salada de batatas, uma salada de brócolis e uma bandeja de vegetais crus.
A bandeja de vegetais cru é que nem brigadeiro no Brasil: tem em toda festa. Trata-se de uma bandeja com divisórias onde cada parte vai um vegetal: brócolis, tomate, aipo e cenoura com um molho no meio da bandeja. Com a mão mesmo você mergulha o seu vegetal no molho e come.
Mas pela maneira como a festa estava sendo servida, não dava pra ficar parada no meio da fila que as pessoas fizeram para se servir, pra comer vegetais crus.
Ovos endiabrados são uma espécie de petisco delicioso. Eu gosto tanto que aprendi a fazer, já imprimi o meu toque pessoal e até mesmo divulguei a receita no site Tudogostoso.
Quem tiver a curiosidade de provar eu coloco o link, é bem facinho de fazer:
http://tudogostoso.uol.com.br/receita/27355-ovos-endiabrados.html
Como é um petisco bem legal, voou e eu só tive oportunidade de provar...
Daí resolvi fazer da salada de batatas e da salada de brócolis meu jantar. Mas vejam mesmo meu azar. A salada de batatas era DOCE!!! Não era salada de batatas doce, mas uma salada de batata com açúcar dentro.
Me digam, qual seria a reação de vocês de ver um prato com aparência maravilhosa, e quando coloca na boca o prato vira uma "coisa", uma "gororoba" mesmo? Não sei se consegui fazer uso de minhas habilidades teatrais suficientemente bem a ponto de disfarçar meu desgosto com a tal salada. Mas que eu tentei, eu tentei.
O último prato que seria minha opção, era uma salada cozida de brócolis. Estava gostosa, mas infelizmente os brócolis estavam cortados bem grandes, e não havia faca disponível. Quase cometi a gafe de derrubar meu prato na tentativa de cortar a verdura somente com o garfo. E pra não fazer a falta de educação de encher a boca ou comer um negócio cheio de molho com a mão, eu acabei deixando o tal quitute de lado.
Conclusão: provei, mas acabei passando fome.
Como essa não foi a primeira vez e provavelmente não vai ser a última, de vez em quando eu vou passar aqui e contar um pouco das minhas aventuras gastronômicas. Na verdade elas começaram no aeroporto mesmo, com uma pizza com erva doce.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Ontem não pediram minha identidade!!!

Pois é... comecei a ficar preocupada! Acho que devo estar precisando de uns creminhos anti-rugas e coisas do gênero.
Aqui, sempre que se compra cigarro ou bebidas, os vendedores são obrigados a pedir a identidade pra que menores de idade não tenham acesso a tais produtos.
Quando eu trabalhava no supermercado, eu ficava justamente no setor onde os cigarros ficavam. Então eu normalmente quem pedia pra olhar a identidade dos outros, eu sempre tinha freguesas felizes, pois como sou péssima nessa questão de saber idade pela aparência eu pedia de todo mundo.
A recomendação da empresa que eu trabalhava, era pedir identidade de todos os clientes que aparentassem 30 anos ou menos. E a intenção é de que não passasse nenhum menor por causa de uma aparência de mais velho. Os menores que não tinham como mostrar a identidade, pois essa provava que eram menores, vinham com mil desculpas... mas não iria arriscar.
Ontem fui comprar cerveja. No Brasil, em qualquer esquina os adultos colocam as crianças pra ir comprar a cerveja que eles querem. Aqui fazer isso pode dar cadeia!
Voltando ao assunto, estou perto dos trinta, mas ainda não cheguei lá... Sei que envelhecer é um processo normal, mas que certas coisas que nos lembram que estamos ficando velhos as vezes pegam de surpresa, isso pegam.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Entre as festas de fim de ano está o Hanukah.

O estresse do Natal e festas de fim de ano aqui são tão ou mais loucura do que no Brasil. Com o fator estressante a mais de que aqui as pessoas não tem 13º salário para compensar os gastos extras do período, e em muitos lugares chegam a receber menos, pois aqui se recebe por hora e essa época concentra 2 dos poucos feriados que os americanos tem por ano. Mas não vou falar do Natal agora, e sim sobre o Hanukah. O Hanukah é uma festa judaica, da qual eu assumo nunca havia ouvido falar no Brasil. Contudo, a população judia nos EUA é grande e por isso não é difícil ao ir num supermercado ou uma loja de departamentos e ver uma seção especialmente dedicada ao Hanukah.
Esta festa muda de data todo ano, da mesma maneira que o carnaval e tem duração de oito dias. Em 2007 o Hanukah começou a ser celebrado no dia 4 de dezembro. Da mesma maneira que no Natal, há trocas de presentes nesse feriado, sendo um deles um doce bem conhecido na minha infância: moedas de chocolate.
Não me perguntem por que eles dão moedas de chocolate nesse feriado. Ainda não descobri. Mas a festa em si é a festa das luzes e celebra um milagre que acontece no período em que o Templo de Jerusalém é devolvido aos Judeus. Quando foram acender uma chama, descobriram que todo o óleo havia sido profanado e que só havia óleo suficiente pra manter a chama acessa por um dia, no entanto esta permaneceu por oito dias, tempo suficiente para produzir mais óleo.
Essa é uma festa, que me parece interessante, tem símbolos que eu acho bem bonitos e eu gostaria de um dia ter a oportunidade de ir a uma festa de Hanukah. Na TV o canal de decoração no ano passado mostrou um programa especial de decoração de festas, fiquei até de madrugada assistindo. A festa de Hanukah ao meu ver foi a que ficou mais bonita.
Muitas luzes, espelhos e velas, tudo branco e prateado...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Bonecos de neve.



Na minha opinião a neve é uma coisa linda quando se tem a oportunidade de passar o dia em casa (como hoje). Olhar aquele chão branquinho pela janela é bem legal. Só que infelizmente não neva somente quando se está de folga, e quando precisamos colocar o pé na rua, começam as coisas que me incomodam.
A primeira delas é a roupa. Colocar camadas de roupa pra ir tirando dependendo do aquecimento do ambiente é muito chato. Tem horas que me sinto um boneco ambulante, pois estou com tanta roupa que não consigo me mover direito, no entanto ainda tenho frio!
Tenho a sorte de não ter que limpar neve da frente de casa pra sair com carro. O condomínio onde moro é responsável pela remoção da neve no estacionamento. Mas mesmo assim ainda é muito chato ter que sair de casa. Se resolvo ir de ônibus, viro picolé humano na parada de ônibus, se resolvo ir de carro, preciso ter o tempo de limpar as janelas do mesmo e também ter a paciência de dirigir devagar e com cuidado, pois a neve escorrega e cria um perigo extra na direção.
Já tentei curtir a neve e saí pra fazer boneco uma vez. Sabe aquelas coisas de filme que vc faz uma bolinha e vai rolando até ela virar um bolão de neve? Comigo não funcionou. O boneco de neve que eu fiz com meu marido e mais um amigo ficou meio torto, pois não conseguimos fazer a neve aderir a bola menor. Ele ficou com uma cabeça assim, meio pateta. Confesso que foi divertido. Mas isso foi por causa das pessoas envolvidas e não pelo projeto em si.
Sei que é possível fazer o tal boneco de neve redondinho. No inverno passado alguém resolveu fazer um "passageiro" na parada de ônibus, e ele estava bem do jeitinho de boneco de neve de TV. Lembro-me de que o motorista do ônibus até tirou uma onda, perguntando se meu amigo não iria subir. Eu achei a idéia do lugar do tal boneco criativa e engraçada.
Está nevando desde ontem, e acumulou uma quantidade de neve razoável. Se a neve parar de cair de tarde, vou ver se consigo convencer meu marido a ir em busca do projeto boneco de neve novamente.
Se alguém aí souber uma dica legal de construção de boneco de neve, por favor me repassa. Confesso que talento pra construir boneco de neve eu não tenho.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ô povinho que adora uma fila...

Não estou falando dos americanos. Dessa vez é dos brasileiros mesmo! Povo mestre na arte de criar filas, não há nenhum igual!
Fila pra comprar pão, pra ir no banco, pra subir no ônibus, pra esperar o ônibus, para pagar as compras no supermercado, pra comprar o lanche da tarde, pra pagar as contas do mês, pra dar parabéns ao aniversariante ou aos noivos... A você que está no Brasil faço essa pergunta: quantas filas já enfrentou hoje?
Isso é uma coisa que eu só vim me tocar a respeito, depois que eu cheguei aqui. O padrão de respeito ao consumidor nas lojas é completamente diferente. Se há 3 pessoas nas filas no caixa do supermercado, todo mundo vai pro caixa, até mesmo o gerente da loja (que eu já cansei de ver andando com um espanador pendurado no bolso de trás da calça). Se há duas pessoas na frente, e uma está demorando a contar o dinheiro, não é incomum o terceiro da fila desistir da compra.
Depois de me acostumar com esse outro lado do respeito ao consumidor, de não gastar mais 5 minutos quando vou ao banco resolver algo, de ver que cada um tem o seu espaço respeitado pra subir no ônibus mesmo sem fila, eu fui a uma missão intinerante do consulado brasileiro aqui na capital do estado.
Puxa vida! Aquela lá foi uma lição de maestria a respeito de como fazer uma fila que faria inveja a qualquer banco em dia de pagamento no Brasil!
Éramos (eu e meu marido) os terceiros da fila, e quando chegamos, a missão ainda não estava preparada. Depois de esperarmos mais ou menos uma hora(detalhe que chegamos meia hora do horário que já deveria ter começado), o representante do cônsul e sua equipe chegaram, e claro, a fila já estava tomando um volume de fazer jus ao povo que estava alí representado.
Meia hora depois, o representante do cônsul fala para todos: "nós vamos atender do jeitinho brasileiro!", como se a coisa já não estivesse com tal característica.
Mas pra minha surpresa, a coisa conseguiu ficar pior sim, então depois de todas as pessoas com filhos, sobrinhos, e outras crianças emprestadas por amigos e conhecidos que estavam no meio da fila foram atendidos, os adultos desacompanhados começaram a ter sua vez... Aproximadamente 5 horas foi o tempo que eu fiquei naquela fila. Eu tenho certeza de que quando voltar ao Brasil eu vou ser conhecida como fresca. Por que paciência pra perder tempo em fila eu não tenho mais.
Mas como tudo na vida tem um lado bom, fiz bons amigos naquele dia. Amigos que continuamos vendo e se encontrando com, e que sempre que perguntam como nos conhecemos nós respondemos: "em uma fila".

domingo, 2 de dezembro de 2007

As doenças e os segredos.

Depois de estar por mais de dois anos na "Terra do Tio Sam", eu tive alguns problemas de saúde como todos normalmente teriam, uma gripe aqui, uma dor alí, etc... E por causa desses fiz algumas visitas aos médicos.
Por que falar de médicos? A princípio não tem nada muito esquisito ou diferente. Você está doente, marca uma consulta, vai ver o médico. O que tem de diferente acontece justamente na sala de espera. Sempre que se precisa falar com um médico, o recepcionista lhe faz ler e assinar uma papelada falando sobre confidencialidade do seu estado de saúde. É um longo formulário que garante que você conhece o seu direito do segredo sobre a sua consulta.
Parece uma coisa simples, mas nem sempre é. Em uma das vezes em que fiquei doente, precisei me ausentar do trabalho por uns 3 dias. Como a doença começou em uma folga, nem pedi ao médico o atestado no momento em que fiz a visita. Depois que percebi que precisaria do tal papel, liguei para o consultório pedindo que o atestado fosse enviado por fax ao meu patrão, e o recepcionista me informou que eu precisaria ir pessoalmente e assinar outra papelada afirmando que eu concordo com a quebra de sigilo para que o tal atestado fosse feito. Eu ainda estava doente, sem condições de sair de casa e precisei esperar até ficar boa pra poder ter o tal atestado.
Isso parece até outra dessas coisas em que a gente não vê muito sentido. Mas existe um por que, e acho que a melhor maneira de explicar é mostrar como eu descobri: Estava eu em mais um dia de trabalho, quando um chefe coloca um aviso na porta "comunicado caso de infecção por Estafilococo no dia...". E não comentou quem foi a pessoa contaminada pela tal bactéria.
Pouco depois, uma colega de trabalho que havia visto o aviso comenta com alguém perto de mim:
"_ Você sabe o que é infecção por Estafilococo? Nunca ouvi falar nisso."
"_Sim, é uma infecção por uma bactéria."
Pouco depois a "figura" me olha e comenta:
"_ Eu nem quero passar perto da sua sala, essa é uma doença bastante contagiosa."
Não me perguntem de onde ela tirou a conclusão de que essa doença é contagiosa se nem mesmo sabia do que se tratava. Não faço a mínima idéia. Mas esse tipo de atitude me faz entender claramente o por que de existir tanto sigilo com relação as doenças.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Compras!!!


Hoje é um dia conhecido como "Black Friday" ou sexta-feira negra. Calma! não tem nada a ver com dia das bruxas, ou dia de azar. Hoje é a abertura oficial da temporada de compras para o Natal.
As lojas abrem de madrugada (algumas passam a noite abertas) com promoções que as vezes duram apenas algumas horas. E o bom consumista que se preze, fica boa parte da madrugada em uma fila de lascar, num frio de botar inveja em pigüim só pra comprar a última novidade tecnológica com um desconto que mais parece estória de pescador.
Mas essa não é a única oportunidade que os grandes consumistas tem de se esbaldar nas compras. Esse é o país do consumo, todos os domingos o jornal vem recheado de propagandas e promoções de encher os olhos de todas as pessoas viciadas em compras, sem falar dos cupons.
É muito comum você ver promoções do tipo: compre um leve um de graça, ou ainda cupons de desconto especial nesse ou naquele produto.
Duas coisas que me surpreenderam com relação as promoções quando eu cheguei aqui: uma é uma coisa chamada rebate e a outra é o matching price.
No rebate, você compra alguma coisa pelo que está em promoção, mas paga o preço integral. Depois você envia seu recibo e um formulário pelo correio e depois de 3 meses recebe um cheque com a diferença do preço promocional de volta. Não sou muito fã desse tipo de promoção, e algumas vezes chega a ser ridícula a diferença. Uma coisa é quando você compra uma coisa mais cara e recebe uns $100 em rebate, outra é quando você compra uma coisa que vale $10 cujo rebate é de $1! Faça-me o favor! Vou gastar quase metade desse dinheiro só com a postagem pra enviar a papelada.
Já o matching price é uma coisa mais camarada. Se você vai numa loja comprar um artigo em promoção e este está em falta, é só levar o folhetinho de propaganda para a loja concorrente e perguntar pelo tal matching price. Eles vão te vender o mesmo produto pelo preço que a concorrente estava vendendo.
Tem horas que é difícil resistir as tentações consumistas nesse país. Sempre dá vontade de comprar aquela bugiganga que está em lançamento em promoção. Deixa eu respirar fundo! Hoje é o dia das tentações...


Foto tirada com minha máquina nova no dia que eu não resisti as tentações!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Coisas de criança.

A diretora da escola fala mensagem para a escola inteira através do sistema de auto-falantes (com caixas de som espalhados pela escola, inclusive dentro das salas de aula).
Os alunos escutam silenciosamente e depois que acaba a mensagem uma das crianças pergunta:
"What was that?" (O que foi isso?)
Logo em seguida a outra responde:
"That was God!" (Foi Deus!).

sábado, 17 de novembro de 2007

Roupas

Eu nunca tive dificuldade pra encontrar roupas pra comprar até chegar nesse país. A dificuldade começou quando eu cheguei e estou bem melhor, mas como não é um tipo de atividade que eu faço frequentemente, ainda continuo com algumas dificuldades.
Minha primeira dificuldade foi quanto a questão de adequação de tamanho. Eu saí de um tamanho médio no Brasil pra um pequeno nos EUA. Depois engordei e voltei pro médio, até aí nada de mistérios, o problema foi decifrar os códigos de tamanho: xs, s, m, l, xl e pra terminar xxl. Como que diabos eu ía saber o que eram essas coisas?
Depois de várias visitas as lojas e muita conversa com as vendedoras eu vim a entender do que se tratavam as siglas. Só que a coisa não é tão simples como parece. Não existe só tamanho geral, tem tamanho de largura e de comprimento em calças compridas, embora que isso nunca ajude, pois fui feita em "formato .br." no entanto a grande esmagadora maioria das calças vendidas aqui são "formato .eua". Nos sutiens, existe tamanho de circunferência do tórax e tamanho de peito o que facilita seu trabalho de procura uma vez que se está familiarizado com a nomenclatura.
E a minha pior dificuldade: calcinhas. Estas tem pra todos os gostos e interesses, com exceção do modelo que eu gosto.
Tem calcinha fio-dental, calçola modelo avó (cintura acima da cintura), calçola modelo mãe(cintura na cintura), calcinha modelo pampers (preciso descrever?), modelo shortinho, com elástico, sem elástico, algodão, seda, e "bikini", cuja frente é o dobro do tamanho da parte de trás. Os modelos todos ou tem tecido demais ou de menos... meio termo não chegou ainda nas lojas americanas.
Uma coisa que eu havia me preparado para, era na parte de calçados. Fui nascida e criada usando chinelinho de dedo. De tanto ouvir falar que era difícil de encontrar aqui, acabei trazendo 4 pares na mala. No entanto, chinelinho de dedo é a coisa mais fácil de encontrar aqui! Tem de todas as cores, borrachas, tecidos e enfeites. Coisa de invejar qualquer lojinha de beira de praia no Brasil. E o mais interessante: ela é informal, mas não tanto quanto no Brasil. No meu atual emprego, outro dia fui perguntar a uma das minhas chefes o que eu poderia usar de calçados. E uma das citações foi justamente os chinelinhos de dedos, coisa da qual eu provavelmente vou me aproveitar durante o verão.
O que você pensaria da escola cuja professora de seu filhinho fosse lhe atender usando chinelinho nos pés?
Uma outra coisa que eu tenho dificuldade ainda é com perfumes. Eu me considero uma pessoa olfativa. O cheiro das coisas é uma coisa que sempre me causa impressão facilmente. Blééé! Como os perfumes femininos aqui são doces! Quando passa uma mulher perfumada na sua frente, a maioria das vezes parece que você está perto de uma fábrica de biscoitos ou de bolos. Nesse quesito ainda não consegui me acostumar. Meu perfume está pra acabar e eu parei de usar pois estou com medo de ficar sem, tudo porque não consegui ainda me encontrar nas frangâncias americanas. E olhe que no Brasil eu não saía de casa sem um perfuminho básico.
Será que algum dia eu vou me acostumar?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Escola

Eu estou aqui um verdadeiro bagulhinho. Muito cansada. Tenho estado meio ocupada e por isso peço desculpas aos leitores deste blog pela não atualização do mesmo nas últimas semanas.
O que me fez ficar assim? Ah muitas coisas! Eu estava sem autorização de trabalho no país por uns meses. A autorização que eu tinha anteriormente perdeu a validade, e eu mais uma vez tive que provar que eu tenho condições de me sustentar no país pra poder pegar uma autorização nova... Não me perguntem por que eu tenho que provar isso, não tenho a menor ideia!
Recebi uma nova a algumas semanas e desde então comecei a labuta de procurar um novo trabalho. O antigo estava me esperando, mas simplesmente não queria voltar lá, e eu simplesmente achei outro que estou amando! Estou trabalhando em uma escola.
Sabe que tem várias crianças fofíssimas lá. Eu tenho que fazer um esforço pra não apertar a bochecha de um de vez em quando, mas isso não tem nada de especial. Criança é fofa em qualquer lugar do mundo!
O que é diferente de uma escola aqui de uma escola no Brasil? Bem, de cara que eu tenha notado é o fato de que os alunos não usam farda. Nem nas escolas públicas nem nas privadas das quais eu tenho notícia. O que existe é uma espécie de código de vestimenta que restringe o uso de roupas que não são adequadas. Acho que isso é uma coisa interessante, pois a criança vai aprendendo desde cedo que existe adequação de vestimenta, e que essa não depende de uma determinada roupa que deve ser usada, mas na combinação da mesma.
Outra coisa que eu achei bem interessante é que as escolas em sua maioria são de turno integral: manhã e tarde. Parece um tempo longo, mas as escolas de crianças menores tem horários de dormir depois do almoço. No mais as escolas me parecem iguais as outras: lugares pra aprender e também para se divertir. Quando é horário de intervalo e as crianças estão soltas no parquinho parece até que elas estavam engaioladas antes de tão felizes e agitadas que ficam.
Vou parando por aqui, mas logo logo apareço com um texto novo bem divertido e interessante pra vocês.

sábado, 3 de novembro de 2007

Halloween

Essa semana eu eu estava no centro da cidade no dia do Halloween. Uma loucura! Parecia carnaval sem música, gente andando de um lado pro outro que não acabava mais.
Cada loja colocou uma pessoa na porta distribuindo doces para as crianças fantasiadas que passavam com suas sacolinhas imitando abóbora. Algumas lojas (como não é de se espantar) ao invés de doces distribuíram revistinhas e figuras para colorir com as suas devidas propagandas para a criançada já ir aprendendo como ser um bom consumidor. Pra loja é claro!
A maioria dos adultos estavam vestidos normalmente, mas as crianças estavam todas fantasiadas de alguma coisa. Entre elas vi: bebê-abóbora, menina-perú, menino-dragão, etc. Isso pra não citar as mais comuns como super-heróis, piratas, bichos, e como não podia faltar a ocasião, bruxos e fantasmas.
Nos dois anos anteriores eu simplesmente me diverti distribuindo doces na minha casa. Cada criança que chega tem um jeito diferente e uma surpresa diferente pra mostrar pra gente. Nem que seja a maneira pelo qual bem envergonhadas (ou desavergonhadas) dizem "trick or treat" ou pela falta de tamanho mesmo pra entender que o doce é pra colocar na sacolinha que tem na mão. Nossa! Esse Halloween é uma delícia. Vou sentir bastante falta disso quando voltar ao Brasil.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Incêndios.

Hoje de manhã meu marido me contou que quando estava vindo pra casa viu um incêndio a uma quadra daqui. Eu saí de manhã cedinho e quando voltei passei perto do lugar. Nossa... ainda estava a maior fumaça e tinha bombeiro, polícia e um monte de gente perto do lugar.
Daí quando cheguei eu liguei o computador pra checar meus e-mails. Entre eles havia um da Universidade explicando onde exatamente havia sido o incêdio e falando que ele tinha atingido vários apartamentos de estudantes. O e-mail era um pedido de doações... roupas e coisas de banheiro.
Aqueles que saem vivos de um incêndio perdem tudo... casa, roupas, documentos, etc. Vira tudo cinzas... Muito triste isso.
Na Califórnia a coisa tá bem feia. Milhares de pessoas estão desalojadas por causa de incêndios.
Disso tudo eu fiquei pensado e como eu reagiria se isso fosse comigo? Realmente é uma coisa que eu não sei dizer. Agora de noite tá nevando e eu pensando onde estão os moradores do condomínio que foi incendiado a uma quadra daqui. Será que a Universidade está alojando eles? Provavelmente vai sair alguma notícia no jornal de amanhã (os jornais escritos aqui são um pouquinho mais lentos que os do Brasil pra dar notícias e eu não assisto jornais de televisão).
Hoje eu estou triste...

domingo, 21 de outubro de 2007

Será que eu estou no velho oeste?

Na verdade, aqui velho oeste nunca existiu. Eles chamam de "Far West". Alguma semelhança com Faroeste? O velho oeste ficou, mudou, cresceu se modernizou, mas ainda não mudou de lugar.
E justamente nesse lugar que eu vim parar.
Calma! Não existem mais tiroteios no meio da rua marcados para limpar a honra de um homem macho. Mas as belezas ainda podemos observar... Em cidades pequenas você pode conhecer o charme de um Saloon, ou ainda se esbanjar em espaços reservados construído especialmente para a prática da jogatina.
Eu não sou muito dada a frequentar esses lugares, mas tem coisas que simplesmente acontecem que lhe lembram as origens do lugar. Neste final de semana aconteceu, ou melhor uma dessas coisas passou na minha frente. Sem ao menos que eu esperasse. vindo do nada passa na minha frente uma, aliás duas bolinhas de galho rolando no meio da estrada. Sabe que eu nunca havia refletido de que eram feitas aquelas bolinhas que rolavam na rua sempre que havia um duelo de armas de fogo em filmes e desenhos.
São simplesmente galhos de árvore que na secura do outono soltam das árvores e ficam rolando pela estrada quando está ventando bastante.
Nossa! Que susto eu tomei quando vi aquele "troço" passando na frente do meu carro! Eu pensei que eu estava atropelando alguma coisa. Depois foi que eu fiz a relação entre o galho rolando na estrada e o tal rolinho dos filmes de faroeste, que eu sempre imaginava que fossem simples palha, de mato mesmo.
Este foi o meu aprendizado desse fim-de-semana.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Liberdade é não "pagar mico".

Uma das coisas que me chamou atenção aqui, é que as pessoas não sentem vergonha de "pagar mico". Já vi adultos brincando com espadas de brinquedos em uma loja de departamentos cheia de gente, já vi adolescente entrando em carrinho de plástico de brinquedo, já vi gente tomando sol de bikini no meio do parque...
Trazer seu almoço pro trabalho é estimular a inveja dos colegas, levar comida pro zoológico e abrir aquela toalha na grama pra sentar e almoçar é inclusive estimulado pelo próprio parque. Vestir pijama pra fazer compras de supermercado não atrai olhares reprovadores, ir de chinelinho de dedo na balada não te impede de paquerar...
Pedir a caixinha no fim da refeição do restaurante é algo mais do que normal, ninguém te olha estranho se você resolveu usar uma sombrinha no dia ensolarado, se decidiu aprender a usar patins depois de adulto, se usa capacete quando tá andando de bicicleta, se naquele dia achou que uma meia roxa e outra verde ficou combinando...
Usar saia com calça legge por baixo é normal, vestir aquela peça de roupa na rua que você adora e que está com um buraquinho não vai fazer ninguém te olhar vesgo, e se você não está indo ao trabalho, por que todo o trabalho de se arrumar pra ir comprar pão?
E por que é mesmo que tanta gente no Brasil se importa com essas coisas?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Escovas de dentes.

Não, as escovas de dentes não são anormais nem diferentes... Aqui você encontra as mesmas escovas, do mesmo jeitinho e até das mesmas marcas "indicadas pelos dentistas" que podem ser adquiridas no Brasil. Só que na loja em que eu trabalhava, percebi a grande saída das escovas de dentes elétricas, que custam às vezes 50 vezes o preço de uma escova normal. E o mais interessante: quem comprava não eram pessoas com limitação física de movimentos, o que pra mim justificaria um gasto tão grande em prol da autonomia, mas pessoas com movimentos totalmente normais.
Então um belo dia eu faço o comentário imbecil a um colega de trabalho: nunca pensei que existisse tanta gente preguiçosa pra usar escovas de dentes elétricas em vez de escovas normais. Pois bem, o colega, que na verdade era meu chefe, me perguntou quanto tempo eu gasto escovando os dentes. Respondi que faço por cerca de 5 minutos. Ele se surpreendeu, e então me explicou que ele tem uma escova de dentes elétrica com timer, e que a mesma foi recomendada pelo dentista. Então quem se surpreendeu fui eu. Pra que diabos serve uma escova de dentes com timer, e por que cargas d'água um dentista recomendaria isso a um paciente? A resposta: Os dentistas recomendam que as pessoas escovem os dentes por pelo menos 2 minutos, e como a maioria dos americanos não fazem, então os dentistas recomendam as escovas elétricas que ficam ligadas por esse período, para que a higiene bucal seja adequada.
Mais uma consequência da pressa. Ainda consigo entender por que eles correm tanto, quando cozinham usam coisas semi-prontas, não perdem tempo em filas, etc. e ainda assim, nunca tem tempo pra nada. Vai ver o problema está nas escovas de dentes... Devem estar desreguladas e aí eles ficam tempo demais escovando o sorriso.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Placas de carro.

Uma coisa que eu admiro nos americanos, é a criatividade e a possibilidade de fazer dinheiro com as coisas mais diferentes, e menos imagináveis.
Uma das coisas que eu faço pra matar o tempo quando estou dirigindo é ler as placas dos automóveis. Não que as placas sejam tão divertidas aqui quanto as de caminhão no Brasil. Não são. Mas aqui tem gente que demonstra status não só pelo tipo de carro, mas pela placa também.
Tem placa de aposentado, de componente das forças armadas, de estudante da universidade tal, de grupo disso e daquilo. E pra comprar uma placa dessas você tem que provar no departamento de veículos que faz parte desses grupos.
Fora isso, ainda tem o status de quem tem dinheiro pra pagar as placas personalizadas, sabe aqueles filmes que no fim a pessoa sai com uma plaquinha sem número, só com um nome? Pois é... é caro, mas tem gente que paga. Outro dia tinha um carro na minha frente cuja placa era "THE" e só... Nossa! Nem conheci o dono, mas já sei que é pretencioso.
Já vi também placas com apelidos, mas nada muito fora do normal. Na verdade acho que prefiro as boas e velhas placas de caminhoneiros do Brasil. Pelo menos com elas eu ria.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

"Trash of one, treasure of other".

Isso é um ditado aqui é algo mais ou menos assim "o lixo de um, o tesouro de outro" que não é linguagem figurativa, é literal mesmo.
Aqui não existe a profissão de catador de lixo, que eu acho mereciam ser chamados de agentes ecológicos. O trabalho dessas pessoas que ajudam a diminuir a poluição no Brasil, aqui é substituído por coleta de lixo seletiva e realização de composto. O composto é a trituração e envelhecimento de lixo orgânico para ser usado como adubo. Aquele triturador que existe nas pias americanas vão parar em um depósito externo com essa finalidade. Lá ele fica até estar pronto pra ser usado como adubo. O lado bom é que cria-se menos lixo. O lado ruim é que isso atrai bichos. Semana passada o lixo de uns atraiu um urso preto e um leão da montanha para a cidade, que chegaram a assustar crianças de manhã cedo à caminho da escola, e o jornal local está recomendando as pessoas a não produzir mais o tesouro animal.
Os animais não são os únicos que acham tesouros no lixo. Vocês já devem ter ouvindo umas histórias de que "fulano morou nos EUA e achou um sofá ou um som novinho no lixo", e achado a história com a maior cara de mentira. Podem assumir, eu também achava que era mentira, mas sinto desapontá-los, é tudo verdade.
Eu moro em um condomínio universitário. Residência de pessoas que vem de todos os lugares do mundo. Essas pessoas chegam aqui, montam casa, estudam um tempo, e quando vão embora vendem o que conseguem e o que não conseguem colocam no vulgo "quem me quer". O "quem me quer" é uma área reservada no condomínio a objetos cujos donos não querem mais manter, mas que ainda estão em boas condições de uso, é uma área de doação impessoal. Quem não quer deixa, quem quer pega. Essa área se resume a uma mesa na lavanderia (que aqui é um espaço comunitário com máquinas de lavar e secar roupa que funcionam com moedinhas). Entre as minhas doações já foi uma TV de 20 polegadas, um ventilador e roupas, além de outras coisas que não me lembro agora. Vocês devem estar pensando: tava tudo quebrado... Não estava. A TV era a mais moderna na época da TV preto e branco... por que era colorida. Tinha até controle remoto, mas este só era capaz de ligar e acionar um mesmo canal, dentro dos 99 disponíveis. . Meu marido a adquiriu de uma vizinha que tinha comprado uma nova. Ela perguntou se ele queria, e ele por não ter entendido a pergunta respondeu "sim" automaticamente e por falta de coragem de assumir que não a havia entendido, ele subiu ao nosso apartamento sozinho de escadas com aquele trambolho.
Bem, pra mim era um trambolho por que já tínhamos TV e não havia lugar para aquilo no nosso lar, depois que a vizinha se mudou descemos o tesouro alheio para a lavanderia. Subimos para buscar roupas a serem lavadas e quando descemos a TV já tinha um novo dono.
Entre os tesouros adquiridos estão um birô (melhor do que o que compramos anteriormente), um rádio, um jogo completo de uma edição especial de Banco Imobiliário e um sofá super confortável, entre outras coisas menores. O birô chegamos a ver o dono antigo. Era de uma família que estava de mudança, saindo do prédio. O móvel havia sido colocado do lado do depósito comunitário de lixo, pois claro que um birô não cabia em cima de uma mesa... A ex-dona ficou toda feliz que estávamos recolhendo seu antigo birô e mandou os carregadores da mudança dela subirem o móvel para o nosso apartamento. Ela afirmou estar contente que alguém o estava usando, e que só o havia deixado por que não cabia no novo apartamento. Bem, isso aconteceu conosco também. Quando mudamos tivemos que repassar o nosso ex-tesouro para um novo dono.
Uma das coisas que causa esse hábito é que os móveis, eletrodomésticos e outros produtos aquisitivos aqui são relativamente baratos. Eu geralmente comparo as coisas com o preço de abacaxi. Pelo mesmo preço de 3 abacaxis eu mobiliei a minha varanda. Com móveis de plástico, mas mobiliei. Por outro lado, não existe oficina onde se possa consertar eletrodomésticos e móveis. Então é mais fácil simplesmente se desfazer e comprar outro. Isso acaba criando uma cultura do descartável, e tem gente que se comporta assim até com carro. Só que não dá o carro: vende barato.
Vou parando por aqui, vou fazer uma vizitinha no "quem me quer".

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A chegada.

Hoje estou saudosista (ou seria masoquista?) relembrando como foi a minha chegada nesse país estrangeiro. Essa história os meus amigos daqui já estão cansados de escutar por que cada um que pergunta se foi difícil a mudança eu conto essa história.
O meu estresse começou no aeroporto de São Paulo. Depois de horas na fila pra fazer o check in (ô povinho competente pra criar fila esse brasileiro!) eu recebo os cupons de despacho de bagagem e guardo cuidadosamente com meu passaporte e outros documentos importantes. Eu já tinha levado um fora de um atendente todo engomadinho que estava todo dedos pros americanos que estavam na mesma fila que eu (nem o brasileiro dá valor a sua própria gente, é lasca!), e aguentado show de americana bêbada na fila (que foi rapidinho encaminhada pro começo da fila). Eu entro no avião e coloco as bagagens de mão no bagageiro, deixando comigo uma bolsa com aquilo que no momento era de suma importância: os documentos, os tickets dos vôos seguintes e os comprovantes da bagagem.
Após levantado vôo, vem aquela comidinha rala de avião, distribuídas pelas aeromoças mais assanhadas e mal humoradas que eu encontrei na minha vida inteira! Trabalhando no percurso Brasil-EUA elas só reconheciam a palavra "água" em português. E me deram o maior fora por que eu tentei cochilar com minhas pernas no corredor, uma vez que elas não cabiam direito no minúsculo espaço entre minha poltrona e a poltrona da frente. De manhã, ainda no mesmo avião vem aquele café da manhã maravilhoso pra americano e horrível pra brasileiro: salada de frutas enlatada, com um croissant sem recheio, e um suco de laranja industrializado (era o único suco que tinha uma cara normal pra mim) com gosto de "ontem". Esta foi a minha última refeição de avião durante essa viagem inteira, por que em avião americano não tem essas mordomias de lanchinho, e quando tem, você tem que ter o dinheirinho trocado pra pagar. Mas dei azar, nos aviões que eu peguei só tinha suco.
Chegando no último aeroporto (lá pelas tantas da tarde), eu fui buscar minhas malas. Tive que pegar um trem interno no aeroporto e passar por 3 estações pra chegar no lugar onde minhas malas deveriam descer. De posse dos meus pertences, eu pego meus preciosos comprovantes de bagagem e procuro o responsável por checá-los. Passei uma hora nessa busca. Com meu inglês "eu entendo todo mundo mas ninguém me entende" fui perguntando, até que num momento com um misto de estranheza, cansaço e fome eu começo a chorar alí mesmo, no meio do aeroporto. Daí veio o abraço de boas vindas (consolo) americano. Uma policial americana, se compadeceu de mim, me deu um "abraço de urso" e teve paciência de tentar me entender com meu meio curso de inglês, me explicou que eu não precisava mostrar papel a ninguém, que se as malas eram minhas eu podia simplesmente sair do aeroporto.
Daí veio a minha primeira refeição na américa: um suco de uva com sabor super estranho e uma pizza com erva-doce em cima. Comi por que estava com fome, mas aquilo era literalmente uma gororoba! E eu ainda paguei quase $10 por ela.
Com o estômago forrado, eu fui em busca de um transporte para a cidade onde iria morar. Isso por que eu desci na capital do estado, mas minha moradia é no interior. Daí eu peguei um shuttle, um serviço bem legal, que lhe pega no aeroporto, e lhe deixa na porta do seu destino, como se fosse um táxi, só que mais barato, por que ele pega várias pessoas que vão para o mesmo destino (cidade) como se fosse um ônibus.
Foi assim que eu cheguei... já de noitinha.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Privacidade ainda existe?

Outro dia eu estava vendo um comercial bem interessante na TV. Se tratava de uma adolescente em um passeio comum no shopping com um grupo de amigas. Durante seu trajeto, diversas pessoas aparentemente desconhecidas à cumprimentavam pelo nome e faziam perguntas e comentários bem íntimos, coisas do tipo: "você é até bem bonita pra ter tido sua primeira vez agora" ou "qual era a cor da cueca dele?". No fim do comercial um narrador dizia "quando você coloca algo na internet qualquer um pode ver". Achei não somente a idéia interessante, mas também educativa.
Na era dos reality shows, ver a vida alheia se desvencilhando nas telas acabou por se tornar uma coisa normal, não somente assistimos, mas nós mesmos decidimos nos expor, colocar nossas preferências, nossa imagem e até mesmo nossas intimidades a disponibilidade de milhares de seres desconhecidos. Qual o preço disso? A perda da privacidade.
No mundo de hoje, tem aqueles que procuram desesperadamente por privacidade. Já vi gente recusando fazer cartão de descontos em supermercado para não ter seu endereço nas mãos de desconhecidos, ou gente que paga pra não ter seu número de telefone descrito em listas telefônicas. Acabamos por viver um imenso Big Brother, onde para ter alguma privacidade algumas pessoas estão dispostas a pagar.
De outro lado temos os buscam incessantemente a perda desta mesma privacidade. Seja através de sites como orkut, multiply, blogs fotologs, etc. Seja através de programas de televisão que prometem algo mais do que simplesmente fama. E essas informações passam a estar disponíveis a todos que dela quiserem fazer uso, de simples e reles mortais como nós a empresas não muito éticas que passam a usar essas informações como forma de seleção entre possíveis novos funcionários.
Falando sobre os programas, todos estão mais do que acostumados a tomar conta da vida alheia através de programas como Big Brother e aqui existem versões diversas deste mesmo programa. Há duas que eu achei interessantes, uma delas reúne em uma casa um grupo de homens, os quais tem problemas de se relacionar com mulheres e um indivíduo "rei da mulherada" ensina esses homens a "pegar mulher". Após cada lição eles vão para uma aula prática, e o que se sai pior é eliminado do programa. Uma outra versão é do canal de design. Um grupo de designers é confinado para produzir um ambiente a cada etapa de uma competição. O que se sai pior é eliminado e no fim quem ficar ganha seu próprio programa no canal... Idéias interessantes, mas será mesmo que era necessário que essas pessoas ficassem confinadas em um ambiente sendo vigiados com câmeras 24 horas por dia?
Penso que estamos legitimando com nossas próprias ações a invasão da privacidade alheia, até o ponto em que nossa própria privacidade não mais existirá.

domingo, 9 de setembro de 2007

Futebol

Não sou lá muito fã de futebol, mas gostaria de saber qual é a mágica infalível que foi feita para deixar os homens tão hipnotizados para assistir quase duas horas de uma corrida de homens atrás de uma bola.
Há homens (e algumas mulheres) cujo humor depende do resultado do jogo do seu time, e por tabela, as esposas, noivas, namoradas, ficantes e afins, acabam por torcer pelo time do ser desejado para que a felicidade seja o sentimento imperante na relação. Isso é uma coisa que pra mim não faz muito sentido, mas depois de algum tempo observando o comportamento de algumas pessoas em frente a uma partida de futebol, eu tive algumas conclusões, que não tem a pretenção de serem nem generalistas nem acertadas:
Não importa quem seja, o treinador é sempre ruim, a menos que ele ganhe o torneio e deixe o time;
A pessoa mais educada do mundo fica com uma boca suuuuja durante uma partida do seu time;
A graça do jogo não está no resultado final apenas, mas em todo o processo que acompanha o jogo: bebidas, tiragostos, gritos, pulos, etc. E quanto maior a turma para assistir, mais divertido é o jogo;
A graça do resultado do jogo é tirar sarro dos amigos que estão torcendo para o time oposto.
Praticar esportes é bom. Assistir competições esportivas também. Mas tenho toda certeza que para a maioria das pessoas "o que importa é participar" não está correta. A versão certinha seria "o que importa é ganhar".
Uma coisa eu aprecio bastante no futebol. É quando o jogo termina. Nossa, como o silêncio é bom!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A história das pantufas.


Vou contar um segredo aos quatro ventos: eu tenho um par de pantufas de ursinho. São ursinhos brancos com gravatinha cor-de-rosa. Os meus ursinhos são de dar inveja em qualquer menina de 6 anos... Me foram presenteados por duas grandes amigas (cada uma me deu uma das pantufas).
Tudo começou quando em um belo dia, ou melhor, noite, fui fazer uma viagem interestadual com o coral em que eu cantava, para uma apresentação. Quem já fez essas viagens de ônibus sabe que é bastane frio à noite. E lá pelas tantas as pessoas começaram a se organizar pra dormir. Pra minha surpresa, muitas delas desembolsaram suas pantufas, cada uma mais fofa do que a outra. O zoológico estava inteirinho representado nesses mais do que confortáveis adereços para os pés.
Fiquei com inveja! Admito que sofro desse mal de vez em quando. Mas não foi a inveja má, aquela que quer tomar o bem alheio, mas a inveja menos ruim, a que deseja conquistar por si seu próprio espaço. Minhas amigas que estavam presentes no ônibus perceberam, e meu par de ursinhos foram-me presenteados no aniversário seguinte.
poucos anos depois, sabendo o quão quente eles deixam meus pézinhos friorentos, resolvi não me desfazer deles, mas embarca-los comigo em viagem internacional.
Ah! Como foi bom tê-los comigo no meu primeiro inverno com neve! Neve é muito bonitinha do lado de fora da janela, mas infelizmente temos que viver as nossas vidas e nos atolar nos montes brancos quando temos que sair de casa. Que sensação boa a de chegar em casa, tomar um banho quentinho e sentar na sala com uma roupa bem aconchegante e meus ursinhos nos pés!
Não me importa quantas crianças me peçam meus ursinhos! Vou usá-los até que não possam mais ser reconhecidos de tão desfigurados. Afinal, eles não são apenas fofinhos. São fofinhos, bonitinhos e principalmente beeem quentinhos.



As crianças.

Eu estava ainda a pouco conversando com uma amiga. Ela mora aqui a muitos anos e tinha ído passar uns meses no Brasil, voltou mês passado e até então não tínhamos nos falado. Perguntei como foi a viagem e no meio dos comentários saiu uma indignação pelos meninos malabaristas de sinal de trânsito.
Fico aqui pensando o quão difícil é a vida dessas crianças, que de tanto estarmos acostumados a ver todos os dias, esquecemos que são crianças. No Brasil, vivemos com medo, ao mesmo tempo que com desprezo a esses pequenos, e já ví até gente achando que dar cigarro a uma criança dessas como um ato de caridade. Onde está a aplicação da frase "as crianças são o futuro do país"? Que futuro estamos cultivando?
Lembro-me que quando eu estudava à noite, vinha de ônibus pelas ruas e via aquelas crianças que às nove e tantas da noite ainda não tinham terminado a sua jornada. Pra quem é de Recife, justamente naquela esquina onde fica o Hospital Português, todas as noites eu observava o comportamento daquelas crianças, que na verdade eram (ou ainda são, não sei se alguma providência foi tomada em relação a elas) na verdade escravas de uma senhora gorda que ficava sentada à esquina oposta de onde as crianças trabalhavam.
Tenho certesa que ela escravisava essas crianças pois as vezes algumas das crianças estavam recebendo o jantar que ela servia, e sempre haviam outras com uma expressão miserável, esgotada mesmo ainda no sinal fazendo seus malabarismos e olhando com inveja os que saciavam a sua fome. Posso estar enganada, mas me parecia que o alimento do dia estava condicionado a aquisição de uma cota de doações.
E a gente passa por essas coisas todos os dias, até bate um sentimento de indignação, mas ninguém nunca faz nada e a situação passa a ser normal. Pergunto a quem tem filhos: e se alí estivesse o seu filho? Será que a indiferença da sociedade seria tão grande se essas crianças fossem vistas como os filhos do país?
Quando a gente muda de país, passa a ver as coisas por uma outra perspectiva. Lembro-me que alguns amigos riram por uma carta coletiva que eu enviei, onde eu comentava o quão interessante eu achava que no condomínio onde eu moro as crianças deixam seus brinquedos ao relento, num condomínio sem muros, e os brinquedos sempre estavam lá no outro dia! Havia um carrinho desses que cabe a criança dentro e ela dirige ao estilo Flinstones. Esse carrinho sempre dormia numa posição e acordava em outra. Inúmeras crianças que passavam pelo condomínio faziam uso do tal carrinho vermelho, mas nenhuma delas jamais se apropriou indevidamente do bem alheio. Até tenho saudades dessas observações dos ambientes públicos que eu podia fazer do antigo apartamento no terceiro andar.
Isso é uma coisa que chama bastante atenção quando a gente muda pra cá. E não sou só eu. Hoje uma criança recém chegada do Brasil estava no meu carro e comentou conosco (eu e a mãe) que quando se acha alguma coisa no chão, no Brasil pode pegar, aqui não, tem dono mesmo que não esteja perto. Com tanta inocência ela expressou apenas o tamanho da corrupção na terra natal: não interessa o que aconteceu, a quem pertece, não se dá a menor importância ao bem alheio perdido. Não há o mínimo esforço em se procurar o verdadeiro dono daquele objeto e muito menos simplesmente deixá-lo alí até que o dono refaça seu caminho e reaveja o bem perdido.
Minha mãe sempre me dizia que se a pessoa não consegue ser honesta nas pequenas coisas, não será nas grandes. E o que acontece é que sem perceber a gente acaba ensinando as nossas crianças a serem desonestas, escravizamo-as e nem mesmo nos damos conta de que é nossa responsabilidade tudo o que está acontecendo no Brasil.
Simplesmente é mais fácil culpar o governo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Momento inspiracional.


Hoje eu estou meio sem inspiração, mas apesar disso tenho vontade de escrever.
Eu deveria estar inspirada... No momento em que teclo essas palavras, eu aprecio uma boa garrafa de vinho (vinho barato, mas BOM!), e com uma tábua de frios (vegetariana, claro!) sentada em cima da impressora. Pra aumentar a inspiração, estou escutando um forrozinho na rádio UOL, música da terrinha. Ritmo que embalou os momentos mais românticos de minha longa vida de 27 anos.
Pra completar o momento inspiracional, estou brincando na melhor das comunidades do orkut, um grupo selecionadíssimos de amigos virtuais, com os quais só tem tempo ruim quando alguém tá doente. E mesmo quando isso acontece a turma dá força! Pois é... Não dá outra! Se eu ligo o computador eu acabo passando na Jisuistomaconta!
Mesmo assim tá faltando inspiração hoje. Fui assistir um filme (que o meu marido estava doido pra ver e dormiu no começo mesmo do filme) e enjoei antes de chegar no final.
Ontem fui tirar umas fotos de uma teia de aranha que tinha no jardim. Tirei mais ou menos umas 30 fotos, consegui aproveitar 3 delas, mas no fim acho que valeu à pena. Quero estudar mais sobre fotografia e quem sabe comprar uma câmera melhorzinha, daí eu tiro menos fotos pra aproveitar uma...
Hoje eu vou parando por aqui, por que escrever sem inspiração não dá muito certo, acaba ficando uma conversa meio sem pé nem cabeça.


terça-feira, 21 de agosto de 2007

Os mapas e a perdida.

Os mapas, vocês sabem o que são. A perdida sou eu. Incrivelmente as vezes eu consigo me perder mesmo com auxílio de mapas, mas em geral eu necessito ir a um mesmo lugar várias vezes antes de aprender o caminho sem nenhum tipo de ajuda.
Dizem as más línguas (eu inclusive uma delas) que quando uma pessoa tem experiências de internação em hospital prolongadas, fica com o senso de direção alterado. Devido a asma crônica na infância, eu tenho um não senso de direção. Consigo distinguir bem direita de esquerda (tem gente que não consegue), mas acontece que aqui direita e esquerda não são direções, são lados.
Agora imagina a cena: você está perdido num lugar completamente estranho ao sol do meio dia. Para pra perguntar à primeira alma caridosa onde fica a saída mais próxima para a "Rua Fulano de Tal" que é uma rua que você conhece. Como resposta você tem algo do tipo: "é só seguir na direção norte, passar dois blocos, e virar para oeste". A alma caridosa (como todos por aqui) está com pressa e se vai antes mesmo que você possa perguntar alguma coisa...
Mas pra onde diabos é norte??? Lembro que quando eu estava na escola uma vez ensinaram a ver as direções se posicionando em relação a direção do sol nascente e poente. Juro que não me lembro como é. Mas me diga mesmo: uma pessoa com dificuldade de lembrar caminhos, está dentro de um carro, com problemas no senso de direção vai conseguir saber onde é o norte?
Mas tudo bem, a pessoa que você perguntou pode não saber todos esses detalhes. Quando eu saio, normalmente eu sempre vou equipada com os mapinhas criados por sites, geralmente bem detalhados, inclusive com a distância a ser percorrida antes da próxima entrada.
Estou eu, me preparando para mais uma aventura ao desconhecido atrás do meu volante, vou no site de mapas, coloco o endereço da minha partida e do meu destino, e com o que eu dou de cara? "Siga oeste em direção à Rua Cicrano". É brincadeira né mesmo? Como diabos eu vou saber para onde é o oeste? Se eu soubesse como chegar na Rua Cicrano eu não precisava de mapa!!!
Acho que a única solução é deixar a minha indignação de lado e juntar dinheiro pra comprar uma boa bússola e deixar no carro.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Substituições culinárias.

Vocês já pararam pra preparar alguma coisa e no meio da receita descobriram que faltava um ingrediente muito importante pra receita? Isso aconteceu comigo duas vezes no mesmo dia na semana passada. Um dia depois de ter feito a feira.
Lá estava eu, toda feliz e sorridente, preparando minha feijoada vegetariana. Comecei a tempera-la com tofu, molho defumado, alho, cebola, louro, etc. De repente eu me deparo com a falta de um ingrediente importantíssimo: laranja. Quando eu tenho a laranja em casa, eu uso raspas da casca, quando não tem, mas tem o suco, eu uso o próprio. Mas nesse dia, não tinha nada.
Pesei o quanto de sabor de feijoada restaria na minha feijoada sem carne. Dá pra substituir a carne bem com tofu e molho defumado, a feijoada fica boa. Também acrescento algumas verduras como cenoura e abobrinha, ficam bem saborosas cozinhadas no feijão. Mas e a laranja? Feijoada sem laranja não tem gosto de feijoada, tem gosto de feijão preto e pronto. Quando me lembrei o tanto que eu dirigi para chegar ao supermercado onde eu fiz minhas compras no dia anterior, que eu atravessei duas cidades em busca do preço mais barato, e prometi a mim mesma que farei compras somente uma vez por semana para não perder o controle do orçamento doméstico, desisti da rápida idéia de pegar o carro e ir no supermercado mais próximo para comprar uma laranja que deveria custar entre 2 e 3 dólares a unidade.
Diante da minha decisão, vasculhei as prateleiras em busca de algo que pudesse substituir minha laranja, achei um limão na geladeira... Limão também é ácido, pode dar certo. Mas é tão pouco de laranja que vai na feijoada que provavelmente não é a acidez o que importa à receita, mas o aroma específico da laranja.
Resolvi continuar minha busca até que achei o ingrediente que foi de minha escolha: nos cafundós das dependências culinárias estavam algumas latas de um refrigerante vagabundo diet de laranja. Não tive dúvida: abri a lata e despejei metade desta dentro do que seria o prato principal da minha próxima refeição. O resultado? Não ficou bom, ficou ótimo! Vai ver eu tenho talento para essas coisas.
No fim da tarde eu resolvi fazer um pão. Tenho uma dessas maravilhosas máquinas de fazer pão, onde o único trabalho é medir os ingredientes e colocar dentro da máquina: mais rápido do que ir na padaria. Comecei fazendo um pão de iogurte, ao invés de iogurte eu utilizei um molho de saladas que já estava pronto, cuja base deveria ser maionese, e eu troquei por iogurte, na ânsia de perder uma gordurinha extra. Até aí tudo bem. O molho vai dar um gostinho especial ao pão. De vez em quando eu faço pão branco e despejo um envelope de sopa de cebola dentro. Nossa, será que o meu problema das gordurinhas extras está nos meus pães?
Continuando a receita, fui adicionando os ingredientes tal qual mandava o livrinho, salvo a substituição que já citei. Quando cheguei ao penúltimo ingrediente, o qual eu não havia notado, ou teria escolhido outra receita. Era farinha de semolina. Sei que macarrão leva semolina, e que semolina é feita de arroz. Mas nunca na minha vida, vi nenhum pacote de semolina, nem no supermercado, nem em fotos dos sites culinários.
Bem, o dilema do prato anterior agora estava aumentado, pois além de não ter o ingrediente eu também não fazia idéia de onde comprar semolina. Mais uma vez eu decidi pela substituição. Usei farinha de aveia. É um cereal também, em relação as propriedades da receita, essas não devem mudar. O gosto deve ficar diferente do original da receita, mas eu nunca comi pão de iogurte mesmo. Os sabores que a língua não provou, a mente não sente falta.
Como resultado, o pão ficou uma maravilha. Fofinho e saboroso. Agora eu tenho uma pergunta: você viria jantar aqui em casa hoje?

domingo, 12 de agosto de 2007

Sobre os pelados.

Eu já estou morando nesse país a uns 2 anos. Pouco depois que eu me mudei, eu vi uma coisa que eu não acreditei. Acho que eu só acreditei depois que eu vi esse pessoal passando por mim pela terceira vez.
Era um protesto, um grupo de pessoas resolveu fazer um passeio ciclístico, do jeito que vieram ao mundo, para protestar.
Não acredita?
A prova tá no youtube!
http://www.youtube.com/watch?v=TRmnnGLOdCk
Eu estava a caminho de um churrasco que estava sendo feito às margens do rio que corta a cidade. Estava eu com meu marido, e quando contamos o que tínhamos visto no meio do caminho, as outras pessoas não acreditaram, até que o protesto resolveu passar exatamente onde a gente estava. Passaram por lá mais umas duas vezes e no fim passou o carro de polícia atrás deles, numa estradinha feita pra bicicletas.
Não me pergunte contra o que eles estavam protestando. Eu não faço a mínima idéia. A nudez montada em bicicleta chamava mais atenção do que qualquer motivo estampado e pintado no corpo deles. Juro que eu pensei que no dia seguinte todos os jornais locais estariam com uma reportagem explicando a visão mirabolante que eu tivera no dia anterior. Pro meu desapontamento não tinha uma única linha a respeito em todos eles. E olhe que eu procurei! Me surpreendi hoje ao achar esse vídeo no youtube. Pensei que tinham abafado o caso completamente.
Agora, me expliquem com que autoridade esses americanos falam do Carnaval brasileiro? Eu tenho um colega de trabalho que diz que o sonho dele é ir num carnaval carioca. Mas ao mesmo tempo que ele diz isso ele explica que realizar esse sonho é o mesmo que pedir divórcio. Esse meu colega de trabalho já tem pra lá dos seus 60 anos, e só me chama de "Garota de Ipanema". É mole?
As vezes eu penso que eles censuram tanto que perderam a noção da diferença entre a simples nudez e a conotação sexual. Isso explicaria por que a televisão daqui censura TUDO. Desde peito de manequim de plástico até órgãos sexuais de vaca em um programa rural. No começo eu também me surpreendia com a censura colocada em filmes que eu alugava. Se tem palavrão, o filme é indicado pra 15 anos. Se tem palavrão e uma mulher tomando banho e umas cenas de briga, a censura sobe para 18 anos. Feito no filme "40 years old virgin" o virgem de 40 anos.
Será que eu estou muito "pra frente" ou eles que são exagerados?

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Os velhinhos.

Eu acho que velhinhos em geral são simpáticos. Tem uns clientes já de idade avançada, digamos assim, que são fregueses lá da loja onde eu trabalho que me fazem rir sempre que eu os vejo. Perto do supermercado tem uma residência de velhinhos, que na verdade é um asilo. Onde eu trabalho tem tem cliente velhinho de todo tipo.
Começando pelos simpáticos, tem uma senhora que vai lá todo dia de manhã, faz questão de decorar o nome de cada pessoa. Dá bom dia com um sorriso enorme e cativante. Ela tá no asilo por questões de saúde, precisa de respirador e cadeira de rodas elétrica pra sair de casa. Acho que a manutenção do respirador é complicada, pois filho se mudou pra perto do asilo pra poder estar sempre com ela. É um rapaz bem simpático também, e um dos raros filhos que não abandona os pais nos asilos americanos.
Pois bem, um certo dia estava eu no meu balcãozinho e chega essa senhora gentil e sorridente na sua cadeira de sempre. Não pude deixar de notar que ela tinha um broche bastante diferente, era um camaleão ou algum outro tipo de lagarto feito de pano. Não pude deixar de elogiar, mesmo sendo de pano era bastante bonito. Então ela me contou essa história, que de tão simples é digna de uma criança de 5 anos: "O nome do bichinho é Draco. Ele sempre me dá força quando estou em situações difíceis e que me assustam. Então sempre que eu estou para ir a algum lugar difícil eu uso ele que é pra ele me ajudar a ter coragem pra enfrentar as situações difíceis. Ele é muito valente, e me dá parte da valentia dele." Eu sorri da bela história, cheia de singeleza e me despedi dela por aquele dia. Será que quando eu ficar velha eu vou conseguir ser tão cativante quanto ela?
O segundo velhinho que eu vou contar, é um senhor, que também sempre vai na loja com cadeira de rodas. Esse e conheço mais de vista. Nem sei o nome dele pra ser bem sincera. Um dia estava eu trabalhando como caixa. E me chega esse velhinho com sua voz fraca e me faz uma pergunta. Eu não consegui entender nada. O ambiente onde eu trabalho é muito barulhento, mas eu vou deixar esses detalhes pra outro dia. Continuando, eu estava na fila rápida e os outros clientes que estavam atrás do velhinho começaram a ficar impacientes com a demora pois eu não conseguia entender o que o velhinho estava perguntando. Num esforço pra a compreensão, eu saí de trás da registradora e fui para a frente do velhinho foi então que eu consegui ouvir: "qual o chiclete que não gruda?" apontando para a estante de balas que fica do lado da registradora. Nossa, a cliente que estava atrás dele abriu um olhão meio incredulidade e meio crítica. Como ela podia estar esperando a tanto tempo (menos de 1 minuto) atrás desse senhor por causa de uma pergunta dessas? Eu nem pensei. Automaticamente eu pedi a minha chefe que abrisse um outro caixa do meu lado pra tomar conta dos clientes atrás do velhinho enquanto eu ajudava ele. No fim das contas, acho que ele queria uma bala que não grudasse, e não achando a palavra ele usou a que ele achou: "chiclete", e isso gerou aquela pergunta sem resposta. Mas a cara da mulher que estava atrás dele é uma coisa que eu consigo compreender menos... Será que ela não sabe que os anos passam pra ela também?
A terceira e última velhinha que eu vou descrever hoje, é cliente antiga da loja. Vai toda tarde fazer as compras dela, e ao contrário dos outros, essa é uma pessoa pela qual eu não consigo sentir a menor simpatia. Velhinha muito bonitinha e de aparência bastante frágil, à primeira vista ela até desperta alguma simpatia misturada com pena, mas esta logo some uma vez que você tem que lidar com ela diariamente.
Ela chega diariamente com um carrinho de compras, desses que a pessoa sai puxando pela alça, e sempre ignorando os clientes que estão na frente dela, pede para que o carrinho seja colocado atrás do balcão de atendimento ao consumidor, que é onde eu trabalho. Quando chegamos perto dela, ela nunca está pronta. Quer que fiquemos a sua disposição enquanto ela vagarosamente decide o que fica no carrinho dela e o que vai para o carrinho do supermercado. Terminado o ritual, ela quer que alguém a ajude a encontrar dentro da loja todos os ítens que estão em sua lista de compras, e eu já fiz esse serviço. Ela me fez dar 10 voltas na loja. Compra uma coisa que está no primeiro corredor, depois vai para o último, depois volta para o segundo, e assim vai... A lista dela está ordenada de maneira a gastar o máximo de tempo possível dentro da loja. E aí vem o comportamento que mostra quem ela é: ela quer que todos os produtos sejam abertos para que ela compre algumas unidades. Por exemplo: de um pacote de biscoitos ela sempre quer comprar 3 unidades. Se ela por ventura não é autorizada, ela abre o produto em casa e no próximo dia devolve. Alguns produtos que são servidos na loja para provar, ela guarda e leva pra casa, coisas como manteiga de amendoim, ela sempre faz isso e nunca realmente compra. A esta altura você deve estar pensando "coitadinha, isso é por que não tem dinheiro pra comprar o pacote inteiro" aí é que você se engana. A velha é rica. É miserável mas é rica. O que mais explicaria que seu financial advisor, uma espécie de contador, a fosse procurar no supermercado por que ela não compareceu ao encontro de negócios? Ela me lembra aquele rico do conto de natal, ela é a personificação do rico que o Fantasma do Natal Futuro mostra a ele mesmo. Sozinho, rico, mas ainda com a idéia de que todos tem a obrigação de estar a sua disposição. É bem isso que essa velhinha faz. Não é que eu esteja me negando ao trabalho, mas eu não acho que ela tenha prioridade acima dos outros clientes, mas ela nem pensa nem age assim. Quando ela termina de comprar, ela vem buscar o carrinho para colocar suas compras nele. Não adianta levar o carrinho pra o embalador colocar as compras direto nele. Ainda assim ela quer alguém disponível na frente dela enquanto ela decide onde vai colocar cada coisa. Tem uns colegas de trabalho meus, que acham que ela vai lá todo dia e faz isso tudo pra não se sentir sozinha o dia inteiro. Bem, o que ela tem conseguido é fazer com que cada funcionário possível e imaginável se esconda da simples visão de sua entrada na loja. Ela é rica de dinheiro e pobre da coisa mais importante que existe nesse mundo. Tomara que um dia eu não termine como ela.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

AUTO REPAIR, ou seria ASSAUTO REPAIR???

Acabei de chegar do mecânico. Estou me sentindo assaltada. Cheguei no mecânico pra fazer troca de óleos. Daí aproveitei pra trocar também as lâmpadas do farol, por que somente o farol luminoso estava funcionando. Pelo telefone o rapaz me falou que seria $21,00 pelo óleo e isso incluía um check up no carro. Sabe quanto deu minha conta? $65,84! Paguei mais do que o triplo do preço por duas lâmpadas de farol!
Aproveitei pra perguntar sobre um barulho estranho que meu carro está fazendo pensei que estivesse algo apertando a roda, pois só faz barulho quando eu ando. Pois bem. O mecânico resolveu dar uma passeada com o meu carro. Andou 6 milhas (3 vezes mais do que a distância entre a minha casa e a oficina, que fica no outro lado da cidade) e depois de examinar o carro falou que era uma borracha da suspensão que estava gasta, e precisava ser trocada. O custo do serviço? Ficaria por $550 com o alinhamento. Cheguei em casa e fui fazer a pesquisa na internet pra saber quanto custa a tal peça. Quase caí pra trás. Cada uma custa $16. Isso mesmo: desesseis dólares e não cento e sessenta. Meu carro precisa de uma peça para cada lado, ou seja, de material o custo seria $32. Eu estaria pagando mais de 1000% só com mão de obra.
Liguei para mais 2 lugares, um deles me deu o preço total de $540,00, ou seja, estão assaltando dez dólares a menos. O segundo foi um pouco mais razoável: $329,95 O assalto tá mais barato, mas ainda está caro.
Será que tem alguém que cobra um preço mais razoável pra fazer isso? Se as peças custam $32, eu estou disposta a pagar no total de $200 pelo serviço completo (e olhe lá...), por que sei que é uma coisa que dá trabalho, e o cara precisa saber pra fazer. Mais do que isso é roubo.

domingo, 5 de agosto de 2007


Sentimento de abertura.

As vezes fico me perguntando. Me pergunto sobre tudo. É engraçado como nossas conversas conosco são ricas e ao mesmo tempo pobres. As vezes me pergunto sobre o sentido da vida, as vezes sobre onde coloquei aquele lenço que eu adoro e que não consigo achar a semanas.
Eu tenho três amigas para as quais eu ligo de vez em quando pra jogar conversa fora. Sabe aquele assunto que não tem assunto? Ligar pra saber como anda a vida alheia e ao mesmo tempo abrir a nossa, nessa necessidade de dividir o que a gente pensa, mas também ter um retorno, ver o que o outro acha das perguntas que a gente mesmo se faz.
Acontece que as três estão doentes. Não consegui ter uma conversa decente com nenhuma delas. No começo da tarde eu liguei pra primeira, que me informou estar gripada, falou alguma coisa e eu resolvi desligar para permitir a ela o descanso necessário sem sentir que eu estou enchendo o saco. A segunda eu já sabia que estava doente a dias. Liguei para perguntar se ela estava melhor. Mal falou "oi" a menina teve uma crise de tosse. Bem acho que isso respondeu a minha pergunta. Acabou que a jogada de conversa fora ficou adiada com ela também. A terceira eu liguei no fim da noite. Na verdade, ela deveria ter me ligado, mas pensei que ela tinha esquecido o horário que a gente combinou, daí eu liguei. Com essa eu não cheguei nem a falar. O marido dela me avisou que ela estava doente e falou que ela ficou de ligar pra mim amanhã, quando deve estar se sentindo melhor.
Daí comecei a me sentir só. Meu marido está em casa, mas no momento meio ocupado com os estudos dele. Não quero atrapalhar. Conclusão: só posso conversar comigo mesma no momento. Como não tem ninguém pra perguntar, acabo me perguntando. Será que isso é uma conspiração divina pra me fazer abrir esse blog que eu estou adiando a séculos? Será que alguém vai ler? Se ler, será que vai gostar? Ou será que isso vai virar uma espécie de diário, onde eu escrevo pra mim mesma como se estivesse falando com mais alguém?
Tantas perguntas... respostas que só devem vir com o tempo. Vou aproveitar esse espaço pra mostrar um pouco da minha visão enlouquecida da vida. As vezes tão louca que parece até normal. Afinal não diz o ditado que de médico e louco todo mundo tem um pouco? Se alguém se interessar de ler, leia. Se achar chato, enfadonho, cansativo, etc. O que é que você está fazendo por aqui? Vai fazer algo melhor, algo que te deixe feliz ou satisfeito, ou pelo menos que te dê algum prazer. Realmente não me importo com números, mas com a satisfação real, mesmo que ela venha somente de uma pessoa. Eu mesma.